O mercado de transferências inglês ainda está longe de fechar, mas a Premier League começa em 17 dias, os times já estão participando de torneios amistosos de pré-temporada e, por isso, fechando seus elencos, para começarem o Campeonato Inglês prontos e preparados. E o que mais chama a atenção nesse "vai e vem" é a preferência dos principais times ingleses por renovar o ataque.
No Chelsea, o técnico Antonio Conte abriu mão de Diego Costa, um dos melhores centroavantes do mundo, e o avisou disso por mensagem de celular durante as férias. O hipano-brasileiro acertou sua volta ao Atlético de Madrid, mas vai passar a primeira metade da temporada no Milan - o Atlético está proibido pela Fifa de assinar novos jogadores até janeiro de 2018 -, e a contratação de um substituto se tornou prioridade em Stamford Bridge. Borussia Dortmund e Arsenal dificultaram as saídas de Aubameyang e Alexis Sánchez, respectivamente, e Lukaku, outro pretendido pelos Blues, acabou indo para o Manchester United, portanto o Chelsea fechou com Álvaro Morata.
O espanhol precisa de uma oportunidade para finalmente mostrar todo o seu potencial e estar na Copa de 2018 e, aos 24 anos, pode ser titular pela primeira vez na carreira. No Real Madrid e na Juventus, Morata teve excelentes desempenhos, mas nunca conquistou a titularidade ou esteve sob a pressão de ser a maior aposta de um grande time que briga por todos os títulos possíveis. Em Londres, o jogador estará cercado por vários conterrâneos - Pedro, Fàbregas, Azpilicueta e Marcos Alonso, e o Chelsea ainda mira em Fernando Llorente -, que certamente o auxiliarão na adaptação ao explosivo e dinâmico futebol inglês. A adaptação à pressão, porém, é outra coisa...
O alto valor desembolsado por Morata, um excelente atacante, mas que nunca foi titular, evidencia o quão inflacionado está o mercado e mostra que os exorbitantes 222 milhões de euros do PSG por Neymar e 180 milhões do Real Madrid por Mbapée - além de outras extravagâncias - podem mesmo se tornar realidade. Pelo espanhol, o Chelsea pagou 65 milhões de euros, que podem chegar a 80 milhões dependendo das conquistas do jogador e do time. Para efeito de comparação, Zidane quebrou o recorde de transferência mais cara do mundo, em 2001, ao ser comprado pelo Real Madrid por 75 milhões de euros quando já ostentava um título mundial e uma Euro pela França, uma Bola de Ouro da France Football e dois prêmios da Fifa de melhor jogador do mundo.
Já Lukaku foi para o Manchester United por 82 milhões de euros. O belga foi reserva no Chelsea de Mourinho em 2013 e 2014 e explodiu no Everton. Diz a imprensa inglesa que os Blues também ofereceram 82 milhões de euros pelo retorno do atacante, mas que o atacante foi seduzido ao United pelo técnico português. Já bastante adaptado à Premier League, o centroavante de 24 anos, que substitui Ibrahimovic, é a contratação mais valiosa deste mercado de transferências até o momento. Com caras apostas em Pogba, Lindelöf, Mkhitaryan e Bailly, além de Lukaku, Mourinho não pode mais se dar ao luxo de outra temporada medíocre em Old Trafford.
O Arsenal, por sua vez, ainda não perdeu Alexis Sánchez - e dá a entender que não perderá mais, mesmo que o chileno já tenha explicitado que deseja jogar a Champions League este ano -, mas também se reforçou. Os Gunners desembolsaram 51 milhões de euros para tirar Lacazette do Lyon, uma contratação mais modesta e mais arriscada, visto que o francês nunca saiu da Ligue 1. No entanto, Lacazette é muito mais versátil que Giroud - que também foi contratado por Arsène Wenger após ser artilheiro do Campeonato Francês - e pode fazer uma boa dupla com Sánchez.
Quem também renovou o ataque na Terra da Rainha foi o West Ham. Esta semana, os Hammers confirmaram as chegadas de Arnautovic, que se destacou pelo Stoke City, e Chicharito Hernández, que vem de uma boa passagem pelo Bayer Leverkusen e volta à Premier League, onde atuou por quatro temporadas. Já o Liverpool apostou no egípcio Mohamed Salah, ex-Roma, e tentar manter Philippe Coutinho a todo custo, enquanto o Everton fez apostas discretas no meia holandês Klaassen e no espanhol Sandro Ramírez, formado no Barcelona, mas que estava no Málaga, além do retorno de Rooney.
Maior gastador do mundo até o momento - com as transferências de Mendy (55 milhões de euros), Walker (48,5 milhões) e Danilo (28,5 milhões), finalmente superou o Milan na lista -, o Manchester City é, juntamente com o Tottenham, um dos únicos grandes times da Inglaterra que não vêm apostando tanto no ataque, setor para o qual contratou apenas o ala Bernardo Silva. Isso porque Agüero deve permanecer e Gabriel Jesus estreou bem na segunda metade da temporada passada. Guardiola, porém, está investindo pesado na defesa, setor bastante deficiente no City. O Tottenham, por sua vez, ainda não se mexeu no mercado, e o técnico Mauricio Pochettino já declarou que vai investir na promoção de jogadores criados em casa.
Com a ascensão de Liverpool e Tottenham, a injeção de dinheiro no Manchester City e "coadjuvantes" fortes como Everton e Southampton, além das ocasionais surpresas, como foi o Leicester em 2015/16, a Premier League já é há algum tempo o campeonato mais nivelado da Europa. Agora pode vir a ser também o mais ofensivo.
Crédito: facebooks Chelsea Football Club, Manchester United e Arsenal