Enquanto Neymar dava caneta, assistência e fazia gol na França, na Espanha o Barcelona enfrentava o Real Madrid com um jogador a menos. Na partida de ida da Supercopa da Espanha neste domingo, o time blaugrana entrou em campo com dez jogadores, pois Deulofeu não fez diferença alguma em campo. No segundo tempo, Denis Suárez ao menos tentou organizar algumas jogadas, e o Barça voltou a ter 11 jogadores, mas uma coisa ficou muito clara: a equipe catalã precisa correr para conseguir logo um substituto para o brasileiro.
O setor esquerdo blaugrana, de domínio de Neymar há quatro anos, foi totalmente inofensivo. Com Deulofeu em campo, Messi e Suárez passavam a bola entre si, mesmo quando o espanhol estava em melhores condições de dar sequência à jogada. Pode ter sido falta de entrosamento ou ainda uma desconfiança inicial em relação ao novo companheiro de ataque, mas não é preciso ser nenhum gênio para saber que Deulofeu não tem metade do talento do brasileiro e deve ser apenas uma solução "tampão" enquanto Philippe Coutinho e/ou Dembélé não chegam.
Mesmo no Everton, onde teve boa passagem, Deulofeu não foi titular absoluto. No Barcelona, deve ser uma boa opção no banco. O buraco deixado por Neymar no setor ofensivo blaugrana deve ser preenchido por Coutinho ou Dembélé, que estão em situações confusas em seus respectivos clubes: o brasileiro não foi relacionado pelo Liverpool para o jogo desta terça-feira contra o Hoffenheim pela última fase eliminatória da Champions - pois se entrar em campo não poderia defender outro time na competição esta temporada -; já o francês não apareceu no treino do Borussia Dortmund na última quinta-feira, sem dar satisfação alguma à diretoria.
Seja qual for o escolhido pelo Barcelona, o esquema de jogo que funcionou tão bem nos últimos quatro anos - em especial nos últimos três, com a adição de Suárez - também terá de ser renovado. Por mais que o trio MSN se movimentasse bastante, Neymar era o titular da ponta esquerda. Dembélé também atua pelas pontas do ataque, mas no Borussia costuma cair mais pela direita que pela esquerda e muitas vezes funciona como segundo atacante, em harmonia com Aubameyang. Já Coutinho não é exatamente atacante, mas o típico meia "camisa 10", buscando a bola atrás da linha de meio de campo para armar jogadas e municiar o ataque do Liverpool.
No Campo Nou domingo, com "um jogador a menos" diante de um entrosado Real Madrid, o Barcelona teve muitas dificuldades para criar jogadas perigosas. O único gol da equipe blaugrana saiu de um pênalti inventado por Suárez e extremamente mal marcado pelo árbitro Ricardo Bengoetxea. O juiz, aliás, foi um dos protagonistas da partida, expulsando Cristiano Ronaldo por simulação em outro pênalti não existente. O português, mesmo tendo pedido a marcação da penalidade, claramente não se jogou, mas caiu por ter perdido o equilíbrio, e ganhou o segundo amarelo - o primeiro saiu quando, ao fazer o segundo gol madrilenho, tirou a camisa para exibir à torcida como fez Messi no clássico de abril passado. O "soprador de apito", como dizem, poderia ter sido decisivo para o resultado final, porém, mesmo com dez jogadores, o Real ampliou a vantagem em jogada de dois reservas: Lucas Vásquez e Asensio, mostrando, mais uma vez, o poder de seu elenco - paradoxalmente, a principal fraqueza do maior rival diz respeito justamente à falta de opções no plantel, tanto reserva como titular.
Indignado com a expulsão, Ronaldo empurrou o árbitro, e nesta segunda foi sancionado com cinco partidas de suspensão, sendo ausência nas primeiras rodadas do Campeonato Espanhol - além da partida de volta da Supercopa quarta-feira. Um "respiro" para o Barcelona enquanto ainda monta o seu novo time.
Crédito: facebook FC Barcelona e Ángel Martínez/realmadrid.com