No primeiro jogo, caneta, assistência e gol. No primeiro jogo diante da sua nova torcida, duas assistências, pênalti cavado, carretilha (que rendeu um amarelo para o marcador) e dois gols, sendo um deles driblando por entre quatro adversários na grande área, de costas para o gol, antes de virar e fechar o placar na goleado de 6 a 2 do Paris Saint-Germain sobre o Toulouse. Em apenas 180 minutos Neymar mostrou duas coisas: não se incomoda com pressão e é mesmo a contratação certa para o PSG.
Que Neymar sabe jogar sob pressão a gente já até sabia. Aos 19 anos, ele fora o principal jogador do Santos na conquista da Libertadores em 2011. Em sua primeira temporada no Barcelona, teve fácil adaptação e só caiu de produção após os escândalos de desvio de dinheiro na transação que resultou em sua ida à Espanha. Em sua primeira Copa do Mundo, em casa, carregou a Seleção Brasileira nas costas. No entanto, a pressão de custar 222 milhões de euros, de ser o jogador mais caro da história do futebol e de ser o principal astro de um grande time era novidade para o atacante. E ele tirou de letra.
É bem verdade que o Toulouse não é o Bayern ou o Real Madrid, e que Neymar terá de se provar novamente quando tiver início a Liga dos Campeões, mas é preciso lembrar que, num time com Messi, Iniesta e Suárez, ele foi o principal jogador das duas partidas contra o próprio PSG nas oitavas da última Champions: no jogo de ida, em que o Barcelona foi goleado por 4 a 0 no Parc des Princes e Neymar foi o único que se salvou na equipe blaugrana, e, principalmente, na volta, quando comandou o time catalão na vitória improvável por 6 a 1, com três gols em seis minutos - dois dele. De todo modo, o Toulouse não foi presa fácil para o PSG neste domingo, apesar de o placar indicar o contrário.
A Champions é, aliás, o grande sonho do PSG - assim como de todos os times "novos ricos" -, e a chegada de Neymar é o pulo do gato para que a equipe francesa dê esse último passo. Desde que foi comprado pelo grupo qatari, o Paris Saint-Germain investe na contratação de grandes jogadores. No entanto, até então apenas Ibrahimovic tinha sido uma contratação espetacular em todos os aspectos: era craque dentro de campo e, midiático e carismático (marrento, sim, mas com um carisma peculiar), carregava o status de astro maior do time. Com Ibra, o PSG se tornou um time grande e conquistou quatro troféus da Ligue 1. Agora, com o brasileiro, a equipe parisiense pretende se tornar gigante e finalmente conquistar a Champions - que, aliás, o sueco nunca levou.
Neymar sabe da responsabilidade que carrega, e não se intimida. E sabe que é também o maior astro do PSG fora de campo - e provavelmente, em breve, o maior astro do futebol mundial, já que Messi e Cristiano Ronaldo já passam dos 30. Depois de uma apresentação espetacular, brilhou como ninguém na estreia no Parc des Princes e até homenageou Matuidi, ídolo e um dos principais jogadores do time até se transferir para a Juventus esta semana: após marcar o primeiro gol, o brasileiro apontou para o francês, que assistia à partida das tribunas, e imitou sua comemoração. Um gesto de simpatia, humildade e carisma.
No último gol, ao manter a bola dominada apesar de marcado por quatro adversários, girar e balançar novamente a rede, Neymar mostrou que não importa com o peso que carrega. Pelo contrário, transforma a pressão em gols e jogadas espetaculares. Sempre com um sorriso no rosto. O PSG escolheu bem seu messias.
Crédito: C.Gavelle/PSG